quinta-feira, 16 de junho de 2011

A Representação Reumatológica nas Artes Plásticas - II

"A arte não reproduz o que vemos. Ela nos faz ver." (Paul Klee)

The Ugly Duchess (1513)

A pintura de Quinten Metsys, “Uma velha grotesca”, representa uma senhora em trajes italianos segurando um botão de rosa. Ao analisar a pintura, podemos notar que sua face caricatural apresenta detalhes e deformações precisos, como por exemplo: as narinas apresentam-se mais abertas e arqueadas; as orelhas destacam-se acentuadamente; além de uma área de abaulamento abaixo do nariz. Essa face com bochechas amplas e altas, em conjunto com um nariz largo e estranho, conferem uma fácies típica (fácies leonina), muito comum na doença de Paget e na hanseníase.

Doença de Paget (Osteíte Deformante)
A doença foi descrita pela primeira vez em 1876, por Sir James Paget, como osteíte deformante. No início da doença, que geralmente acomete o indivíduo durante a meia-idade, existem regiões de reabsorção óssea exagerada pelos osteoclastos, que se segue por um período de formação óssea vertiginosa. O osso formado apresentada uma arquitetura desequilibrada e desordenada, sendo o padrão em mosaico do osso lamelar um sinal patognomônico da doença. A doença de Paget apresenta três fases: (1) um estágio osteolítico inicial, que precede (2) um estágio osteoclástico-osteoblástico misto, que termina com um predomínio da atividade osteoblástica e evoluiu para (3) um estágio osteoesclerótico quiescente de exaustão.         
As principais manifestações clínicas são dor óssea, fraturas, deformidades esqueléticas e artrite secundária. O diagnóstico pode ser feito através da combinação dos sintomas, dos achados radiológicos e marcadores bioquímicos.  

Referências:
Paget’s disease in a Painting by Quinten Metsys – BMJ volume 299, 1989
Patologia Estrutural e Funcional – Robbins 6º edição
Projeto Diretrizes: Doença de Paget – 2004

quarta-feira, 1 de junho de 2011

II Jornada e Simpósio de Reumatologia Araraquara - São Carlos

Data: 19 e 20 de agosto de 2011
Local: Anfiteatro Bento Prado Júnior
Em breve, disponibilizaremos maiores informações.

Retrato de Perserverança

Fotografia e autorretrato (1910): evidências de caquexia reumatóide. 
Os últimos anos da vida de Renoir foram marcados por reconhecimento e dor. Fundador do movimento impressionista, Pierre Auguste Renoir (1841-1919) através de pinceladas fortes, cores vibrantes e traços leves, conseguiu captar a alegria dos pequenos momentos da vida, como por exemplo em Le Déjeuner des Cantonier, 1881. E tanta sensibilidade e vivacidade não aparentam o sofrimento que este pintor trazia durante a realização de suas obras.

Acredita-se que, próximo dos 50 anos, Renoir começou a manifestar sintomas de artrite reumatóide. Porém, após uma década, a doença assumiu proporções agressivas, provocando grandes limitações de seus movimentos e restringindo-o a uma cadeira de rodas. Não há documentação que comprove o diagnóstico e evolução da doença, entretanto através de fotos de seu arquivo pessoal é possível entender como foi o curso de sua doença. 

1986 – Presença de tumefações nas metacarpofalangeanas.
A artrite afetou tanto suas mãos, causando a ruptura dos tendões extensores; seus ombros, reduzindo a mobilidade articular; e suas pernas e pés, que pode ser observado pela progressão do uso da bengala para a cadeira de rodas e, posteriormente, com a incapacidade de usar sapatos.

1901 – Nascimento de seu filho Claude. 
Adaptação constante de sua técnica de pintura: pincéis amarrados às suas mãos pela sua esposa.
 1915 - Pés amarrados em meias de lã.
1912 – Acometimento simétrico das mãos com deformação dos dedos. Apesar das limitações, Renoir continuou a enrolar seus próprios cigarros, além de atingir o marco de 400 obras de arte. 


Apesar dos obstáculos a sua atividade artística, Renoir continuou a pintar, através de adaptações de seu cavalete e pincéis, até o final de sua vida. 
Uma de suas últimas obras: Les Grandes Baigneuses (1918-1919)

Referências:
How Renoir coped with rheumatoid arthritis - Annelies Boonen, Jan van de Rest, Jan Dequeker, Sjef van der Linde (BMJ - 1997)